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Mensagem para a Quaresma do Arcebispo de Évora

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NA QUARESMA ABRE AS PORTAS DO CORAÇÃO
 
Na escala das necessidades básicas, depois das necessidades fisiológicas, o sentimento de segurança torna-se fundamental para que o ser humano se desenvolva harmoniosamente e estabeleça relações sociais gratificantes. É sabido que da percepção que cada um forma acerca dos outros depende a atitude para com eles: de abertura e cooperação ou de isolamento e desconfiança. Ora acontece que na nossa sociedade o sentimento de insegurança tem vindo a crescer cada vez mais e, como consequência, aumenta o individualismo, com os seus efeitos negativos, que importa combater, na busca de uma sociedade mais humana e solidária.

O ciclo litúrgico da Quaresma todos os anos solicita a nossa atenção para esta realidade e aponta-nos meios para alcançar uma convivência mais saudável, a partir da Palavra de Deus que nos ilumina sobre a natureza humana e nos orienta no modo de proceder em relação aos nossos irmãos. E, este ano, o Papa Francisco deu-nos o mote para a vivência cristã da Quaresma, a partir da parábola do rico avarento e do pobre Lázaro, autêntico ícone das relações humanas, que podemos ler no Evangelho segundo S. Lucas, capítulo 16,19-31.

Ao ler essa parábola, cada um de nós é incitado a reflectir sobre a atitude que tem para com os outros. Se lhes reconhece a dignidade original, se os considera mais importantes do que o dinheiro e os bens materiais, se os ignora ou se os instrumentaliza em proveito próprio. O rico avarento da parábola viveu centrado em si mesmo, usufruiu egoisticamente dos muitos bens que possuía, fez do dinheiro o seu deus e nem sequer se deu conta de que mesmo à sua porta vivia, em miséria extrema mas revestido da dignidade original, um pobre chamado Lázaro, nome que quer dizer Deus ajuda. Segundo a parábola, a ajuda de Deus só se revelou do outro lado da vida, quando o rico reconheceu Lázaro feliz junto de Deus, ao passo que ele se encontrava em sofrimento. E, quando pediu ajuda para os seus irmãos, ainda vivos, foi-lhe dito que procurassem a ajuda na Palavra de Deus.

O mesmo nos é dito a nós. A ajuda vem-nos da Palavra de Deus que nos aponta o caminho certo e nos diz que os outros não são um empecilho nem um mero instrumento ao nosso serviço. São um dom e um meio para descobrir o caminho certo. Podemos até dizer que são caminho para Deus, nomeadamente, quando experimentam a pobreza e vivem perto de nós. E há tantos por aí. Se os não vemos é porque, à semelhança do rico, vivemos centrados em nós e nas nossas coisas. Para nos descentrarmos de nós próprios, a Palavra de Deus recomenda-nos três remédios: oração, jejum e esmola. Se os tomarmos, veremos melhor quem vive à nossa volta, daremos mais valor às pessoas do que aos bens materiais e seremos ajuda de Deus para os outros já neste mundo. Estes três remédios fazem crescer o desejo de abrir as portas do coração e permitem que o amor se expenda à volta de quem os toma.

Nesta Quaresma, recomendo-vos que tomeis os três remédios sagrados que vos permitam abrir as portas do vosso coração aos outros. Entre outras pessoas que possam ser objecto do vosso amor e beneficiárias da vossa renúncia, quero falar-vos de uma realidade da nossa Arquidiocese que muitos de vós ainda não conhecem. Como é público e notório, temos tido poucas vocações sacerdotais. Fazem falta muitas mais. E Deus concedeu-os um dom maravilhoso. Através do Caminho Neocatecumenal ofereceu-nos vocações sacerdotais vindas de vários países da Europa e das Américas. Na Quinta de Santo António, em Évora, vivem onze jovens que sentiram o chamamento de Deus, deixaram o seu país e a sua família e vieram, sem bolsa nem alforge, para o Seminário Redemptoris Mater, onde se preparam para exercer o ministério sacerdotal nesta Arquidiocese e onde Deus os chamar.

Convido-vos a abrir os olhos do vosso coração para esta nova realidade e a deixar-vos interpelar por ela. Antes de mais, agradecei-a a Deus. Depois pensai que precisa de vossa ajuda espiritual e material. Rezai por ela e por todos os que Deus chama ao serviço do Evangelho pela consagração radical das suas vidas. A renúncia monetária que fordes chamados a realizar nesta Quaresma será canalizada para a manutenção do Seminário Redemptoris Mater, que não tem fontes de receita próprias, e este ano, querendo Deus, terá a alegria de ver, pela primeira vez, um dos seus alunos ser ordenado diácono e presbítero.

Como nos anos anteriores, confio à Caritas Diocesana a dinamização desta campanha da Renúncia Quaresmal. O produto recolhido em cada paróquia será entregue ao Vigário da Vara que, por sua vez, o fará chegar à Cúria.
 
D. José Sanches Alves
Arcebispo de Évora
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